quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sobre minha nova performance.

Bom dia, galera!

Hoje falarei um pouco sobre um novo trabalho poético-teatral que estou desenvolvendo com a ajuda da Lua. Ainda não tem título, mas creio que até fim da postagem eu consiga dar-lhe nome.  A performance ainda está aberta e, por hora, contém 4 textos de minha autoria, durando, na íntegra, 25 minutos. É o que chamo de micro-monólogo. 

O processo de criação desta performance está sendo uma delícia, pois, mescla uma quantidade inimaginável de novas descobertas, tanto no que é tocante toda a parte de evolução artística, quanto no que tange a parte pessoal. Para mim, está sendo importantíssima esta nova performance, considero-a uma quebra de tabu.

Bom, tentarei verbalizar um pouco todo o processo que fiz até o presente momento. Claro que, como a maioria parte das minhas criações, está teve suas origens em processos pessoais e devaneios artísticos, por isso talvez eu não possa exprimir tudo o que fiz. Alias, dizer que eu “FIZ” me parece até arrogância de minha parte, considerando que a primeira parte deste trabalho é oriunda da necessidade de expressar o que eu estava sentindo no decorrer de uma crise existencial, já recorrente para mim, mas nunca descrita da forma descrevi nessa performance. Tal processo psicológico é decorrente de uma sensação de incapacidade devido a minha condição física, que limita em muitos aspectos da minha vida e me condiciona a depender de outrem para coisas cotidianas.

 Só consigo falar disso abertamente graças à representação artística que consegui extrair da última crise que tive. Falando francamente, sempre tive vontade de escrever algo desse tipo, mas esse desejo sempre foi reprimido, silenciado, inibido pelas minhas próprias convicções artísticas. Desde que me assumi poeta, a linha de trabalho que sempre procurei seguir é basicamente “expressar meus sentimentos, de forma particular, sim, mas que qualquer pessoa possa se identificar”. Em outros termos, escrevo para que as pessoas possam sentir que mais alguém se sente como elas. Falar da minha condição física e de como me sinto em relação a ela sempre me pareceu um tema pessoal demais se comparados aos meus temas favoritos: amor, relacionamentos e arte. Inclusive, quando era mais novo, uma pessoa perguntou por que eu não escrevia sobre a minha deficiência respondi poeticamente com uma poesia chamada “De porque eu sou romântico” falando de tudo o que eu poderia falar e não falava porque não era meu ideal artístico. Claro que evolui muito desde então, mas, mesmo assim, consegui romper o tabu de falar sobre sexo em cena antes de escrever algo politicamente incorreto, mas sentimentalmente exato sobre a minha condição.

Só pude vencer ambos os tabus graças a diversas experiências artísticas desde a parceria com Takumi Matos, passando pelo Co-Mídia Dell’Arte (grupo que originou a EdLua.Artes) e chegando ao apoio da minha amada Lua, que me incentiva a buscar inovações e ousadias através das experiências pessoais que vivemos.

Voltando à performance. O texto que rompeu com o tabu se chama “Escafandro em Curto Circuito” e foi escrito no final de agosto. Dei este nome, por causa da referência cinematográfica “O Escafandro e a Borboleta”.

Professora Maria Lúcia Lopes do Prado,
Uma supervisora e
 Professor Marcos Rodrigo da Rosa  
A oportunidade e a ideia de apresentá-lo de forma cênica me vieram quando meu ex-professor Marcos Rodrigo da Rosa (reencontramo-nos num sarau no primeiro semestre) me convidou a fazer uma intervenção artística num evento da Diretoria Regional de Ensino do Campo Limpo, onde ele trabalha, no dia 9/10. Decidi levar algo chocante e que pudesse mostrar como se sente de verdade uma pessoa com alguma limitação, no meu caso, motora, sendo tratada como incapaz e, ao mesmo tempo, fosse algo desafiante para mim. Para tal apresentação juntei três poesias (“Olha pra Gente”, “Escafandro em Curto Circuito” e “A Caixinha Mágica”) e uma inovação recente que acrescentei a minha atuação durante uma noite em que havia faltado eletricidade em casa: a luz de uma lanterna com opção de foco ou iluminação ambiente.

Minha mãe, professora Laura e eu!
A apresentação foi muito apreciada e elogiada, fiquei eu mesmo satisfeito com o resultado. A junção das três poesias ficou quase perfeita, a luz da lanterna deu um impacto mais profundo à representação.

Abaixo, um depoimento do Rodrigo sobre a performance e sobre o livro “Porta Encostada – Entre a Resiliência e a Obsessão”.

"Você esteve demais, cara! Arrebentou!
 
Minha diretora achou você, além de espetacular, bastante ácido. Ela gosta disso.
 
Os Supervisores também apreciaram muito. Alguns disseram que foi o momento mais poético e sensível que a Diretoria Regional presenciou.
 
Logo vamos enviar as fotos e postar o video no youtube.

Quanto a sua poesia, cara, que foda! Que estrondo!
 
O poema "Entre a Resiliência e a Obsessão" revela um cuidado com a palavra, uma investigação profunda dos sentimentos do ser;
particularmente, revelou-me a mim mesmo.
O ponto fraco de sua poesia talvez seja as excessivas enumerações, como escreveu Borges, certa vez. Mas mesmo as enumerações não me desagradam. Elas são obsessivas. Como tende a ser o nosso pensamento. 
 
Abraços"

Marcos Rodrigo da Rosa
 





Duas semanas depois da apresentação na DRE, já tinha marcada, para o dia 28/10, a apresentação da mesma performance, na escola M’Boi I, a convite da supervisora Simone.

Para a segunda apresentação, já levei algo a mais, o texto contava com a inclusão de mais uma poesia, a “Sobre as Palmas que Vocês NÃO Vão me Dar”, para arrematar o lado artístico, já estou pensando em melhorias cênicas. Novamente muito bem aceita e recebendo ótimas críticas. 





Vídeo de um trecho da performance, gravado no Sarau da Educação e Cultura, dia 18/10:    





A apresentação na DRE ainda m e valeu uma entrevista feita pela Professora Maria Lúcia Lopes do Prado. Em breve a postarei aqui, no EdLua.Artes.

Sobre o título da performance, decidi batizá-la de “O Brilho de uma Alma”    

A performance pode ser apresentada para professores e familiares destas pessoas e para elas próprias, como forma de incentivo à evolução.

Gratidão imensa a todos os que foram citados, especialmente ao Rodrigo pela oportunidade e por me abrir tantas portas!!!

Um abraço

Contatos: edelua.artes@gmail.com ou eioc77@hotmail.com    


Edgar Izarelli de Oliveira

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