sábado, 4 de outubro de 2014

Novo texto sobre aborto: perspectiva feminina.

Vou me pronunciar a respeito dos debates sobre a legalização do aborto.
Que fique claro que:
*É a minha opinião, portanto vão existir discordâncias ou concordâncias com o que você que está disposto a ler*
*Já que o problema é que "homens não podem falar sobre coisas de mulheres porque não são mulheres", então eu que sou uma mulher vou falar sobre o texto de um homem, defendendo os argumentos do mesmo*
Eu não defendo a legalização do aborto. E por quê eu devo discutir sobre isso?
Porque ao contrário do que muitos pensam, é necessário ter opinião hoje e sempre. Se pronunciar e debater sobre a sua opinião é necessário hoje e sempre; para que nós possamos ampliar a nossa visão a respeito de nós mesmos e principalmente pra reafirmar um pensamento ou mudar de opinião.
Não tenha medo de mudar de opinião. É natural que as mudanças aconteçam, elas fazem parte da nossa evolução. Mudanças são necessárias no nosso crescimento e no nosso senso crítico.
Mas, se você acredita firmemente em alguma coisa e enxerga claramente que tem alguma coisa errada nesse sistema em que crescemos e aprendemos a sobreviver... Então sustente o que você acredita, sem medo! Mas sustente de forma consciente e estude todos os pontos de vista possíveis.
Eu já fui a favor do aborto, há pouco tempo atrás. Acreditava, como muita gente acredita, que a mulher deve ter livre arbítrio e fazer o que bem entender com seu corpo, porque afinal do nosso corpo só nós mesmos entendemos.
Sim, quanto ao livre arbítrio, acredito estar certíssima e convicta. Só que, defina pra mim o que é o livre arbítrio?
Antes de eu mesma responder essa pergunta vou contar uma história:
A história do condicionado e da condição.
Desde que eu nasci, como mulher, fui educada de determinada forma.
Na escola me diziam que meninas devem desenhar flores e meninos carros, caso contrário a criança é um "candidato a homossexual".
Meninas não podiam jogar futebol com os meninos.
Quando te perguntam sobre o que você quer ser quando crescer, as possíveis e comuns respostas eram: Jogador de futebol, astronauta, médico (a), modelo fotográfica, veterinário (a) ou professor (a).
Crescemos e vamos aprender sobre o corpo. Um tabu tão enorme, que quando a professora fala "pênis" ou "vagina", a reação dos alunos é rir desesperadamente de vergonha alheia.
Aí falamos de sexo, educação sexual e a política (patética) de prevenção da gravidez indesejada do governo. Aprendemos que podemos ter relação sexual (com uma pessoa do sexo oposto de preferência, porque com pessoas do mesmo sexo é "feio") e, que a mulher é naturalmente fértil após a primeira menstruação, portanto a gravidez pode acontecer, seja lá por acidentes ou por falta de prevenção mesmo.
Aí nós (mulheres), aprendemos os métodos de prevenção femininos e apenas um dos métodos masculinos, que é a camisinha que todos conhecem. Nos entupimos de lixo industrial, que é essa ***porcaria*** de anticoncepcional, que nos deixa instáveis e com os hormônios insanos, mas que nos dá uma pequena segurança durante o ato sexual.
Tudo que nós (mulheres) temos é MEDO.
Medo de engravidar e de estragar tudo. Estragar os estudos pra faculdade, estragar a barriga, medo de receber críticas que doem. Medo de ser expulsa de casa, medo de ser rejeitada pelo parceiro, medo de estar totalmente sozinha.
MEDO MEDO MEDO MEDO MEDO
Por quê tanto MEDO? Engravidar é tão natural quanto menstruar, tão natural quanto se apaixonar...
No meio do caos ainda nasce vida! Ainda somos férteis, porran, não é lindo?
Não! É foda! Ter essa responsa toda nas costas por simplesmente ser quem eu sou...
Mas olha... O condicionado sobrevive com base na condição.
Aí entra o fator social da coisa, que é a condição.
Seja você rica ou pobre, tenha seus pais ou não; esteja bem de vida ou não: Se engravidar antes de determinado tempo, você vai pensar em abortar.
Não que você necessariamente vá concluir o ato do aborto, mas você vai pensar. Porque você está CONDICIONADA.
Vai se sentir burra, culpada, infeliz e tudo de mais lixo que possa existir. Porque é triste não ser bonita aos olhos sociais, é triste, além de ter que enfrentar o problema financeiro da coisa, ter que enfrentar uma corja de gente mal amada te dizendo coisas do tipo:
-Ah, agora já foi né, tá feito! Que venha com saúde então.
-Nossa mas você é tão nova, tão bonita, você sabe que vai acabar com a sua vida né? Vai ficar gorda e com estrias... Mas... Parabéns (rs).
E tantos outros, mas acho que todo mundo já entendeu.
Algumas das mulheres cedem a essa condição e, decidem ir à uma clínica de aborto (porque dificilmente, numa gravidez não esperada, as mulheres sabem que estão grávidas antes de passados pelo menos dois meses) e, nesse caso quase sempre é necessário procedimento cirúrgico. Remédios resolvem as vezes, mas é um risco muito maior a se correr.
Bom, agora que entendemos (ou não, aguardo nos comentários) as condições a que somos submetidas, vou explicar o fator "livre arbítrio" e o fator "vida".
O livre arbítrio, sem mais delongas ou formalidades, é o poder de decisão que nós temos sobre nós mesmos.
Que é daquelas de: religião, o que comer ou não comer, com quem transar, com que roupa sair de casa, o que considerar repulsivo e o que considerar tolerável, se sentir bonito ou feio, que festas ir, com quem conversar, sobre o que conversar e blá blá blá..........
MAS: Tudo isso, sem que você interfira na vida alheia.
Não é porque você acredita em alguma coisa, que seu amigo também tem que acreditar. Não é porque você considera repulsivo, que você tem o direito de matar quem comete determinado ato. Não é porque você não gosta de maconha, que você tem o direito de bater no fumante ou tentar persuadir.
NINGUÉM tem o direito de interferir do livre arbítrio de outro alguém. Somos pessoas diferentes, com objetivos diferentes e perspectivas diferentes.
E se for a mãe e seu bebê?
Um feto, tem poder de decisão?
Bom, eu vou dar um exemplo similar a esse, pra tentar explicar melhor o que eu quero explicar.
Uma mãe tem seu filho, ele cresce um pouco e é diagnosticada uma doença super séria de má formação, que implica no resto da vida daquele novo ser: ele estará vivo, porém vai ser incapaz de mexer o corpo e a boca, incapacitando a comunicação, vai ser incapaz de ouvir também, portanto nunca vai conhecer o som das palavras. Lhe foi designada a sua situação, não terá tanto tempo de vida, cerca de uns dez anos, ou menos...
O que a mãe vai fazer diante disso? Ele é por lei incapaz de tomar decisões por si portanto cabe a mãe fazê-lo.
E ainda tem a comunicação, que será praticamente impossível.
Ela pode pensar em poupar uma breve passagem, mas que será de algum sofrimento, com a morte imediata daquela criança (por assassinato, não importa o método). Seria uma "solução".
Mas ela NÃO PODE. Por mais que ela queira evitar o futuro sofrimento do seu filho.
Isso não é imposição "conservadora", isso é a natureza básica das coisas.
E quando alguém diz: -É melhor abortar do que ter filho pra ficar sofrendo jogado no mundo....
Porque alguém tem o direito de interromper a vida de outro alguém? Seja lá em que estágio de vida este ser esteja, É CRIME.
A sua vida, saudável, instável e correta, pode ser bem mais triste do que a vida daquela criança que nasceu doente ou, de uma gravidez indesejada.
Devemos respeitar o caminho de todos, o destino de todos!
Por quê viemos ou, pra que estamos, é de conhecimento nosso, somente nosso. Assim como se deve respeitar o direito da criança que nasceu doente mas que foi muito desejada por sua mãe e pai, também se deve respeitar o início da vida de um ser que não pode se expressar em palavras ainda.
É o destino de uma criança que está em formação, que precisa apenas do abrigo no útero da mãe pra nascer e conviver de fato na nossa sociedade.
É uma vida que está se formando.
O livre arbítrio já não é mais livre arbítrio quando interferimos nesse mesmo direito que tem o outro. 
E quando perguntam assim: -A vida da mãe vale mais que a vida de um feto???
POXA VIDA.
Resposta: AS DUAS SÃO VALIOSAS. As duas tem o MESMO VALOR.
Ninguém deve morrer, todos devem viver.
A não ser que em sã consciência a pessoa queira se matar, por qualquer que seja o motivo . Tu faz o que quiseres com seu corpo! MENOS, quando você tem outro corpo sendo gerado dentro de você. Por que aí não é mais só você, tenha a fineza de esperar nove meses para se matar...
Eu defendo o livre arbítrio, de qualquer que seja o indivíduo ou forma de vida.
Eu defendo a liberdade desses discursos conservadores, defendo a liberdade desses discursos extremistas. Defendo a vida, desde quando ela está se formando.
Eu defendo a natureza, defendo o direito das formigas e das baratas!
Não se trata mais do direito do forte e do fraco, do capaz e do incapaz.
Somos todos iguais, a partir do momento que a vida é consumada, ela tem tanto direito de viver quanto você, que já nasceu ha algum tempo.



Veja bem, não existem apenas dois pontos de vista. Esse lance de discutir aborto e qualquer outro tabu existente, pode ser discutido de uma perspectiva menos DIREITA OU ESQUERDA. Sejamos HUMANOS, sejamos LIVRES de um vez por todas!

Lua Rodrigues

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